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Voltaire foi um filósofo, escritor, dramaturgo, historiador e ensaísta francês, figura central do Iluminismo e símbolo da luta contra a tirania e o fanatismo religioso. Inquieto, irônico e polêmico, passou boa parte da vida enfrentando a censura, sendo preso e exilado diversas vezes por suas ideias ousadas.
Apesar de não ser sistemático como Kant ou Hume, Voltaire foi um intelectual público de impacto imensurável, e seu estilo direto o tornou um dos autores mais lidos do século XVIII.
Cartas Filosóficas (1734)
Uma crítica velada ao absolutismo francês, comparando a liberdade inglesa com a opressão na França.
Cândido, ou o Otimismo (1759)
Uma sátira feroz contra o otimismo metafísico de Leibniz, representado no personagem Pangloss.
Tratado sobre a Tolerância (1763)
Obra em defesa da liberdade religiosa e da justiça, escrita após o infame caso Calas.
Dicionário Filosófico (1764)
Uma enciclopédia crítica e sarcástica sobre religião, política e moral.
História de Carlos XII, Ensaio sobre os Costumes e o Espírito das Nações
Obras que marcaram o papel de Voltaire como historiador.
Voltaire não era ateu — mas era um feroz crítico da religião institucionalizada, principalmente da Igreja Católica, que considerava hipócrita e violenta.
“A fé consiste em acreditar no que a razão não acredita.”
Ele defendia o deísmo, ou seja, a crença em um Criador racional, mas que não interfere no mundo nem exige cultos, sacerdotes ou dogmas.
Voltaire é um dos maiores defensores da liberdade de pensamento da história. A frase atribuída a ele (embora possivelmente não literal) resume bem seu espírito:
“Posso não concordar com uma palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-la.”
Sua obra é um combate direto contra o autoritarismo religioso, a censura e os abusos de poder.
Em Cândido, Voltaire ridiculariza a ideia de que “vivemos no melhor dos mundos possíveis”, zombando da tentativa racionalista de justificar o mal. O personagem Cândido percorre guerras, terremotos, estupros, escravidão e massacres, sempre ouvindo que “tudo está como deve ser”.
A resposta final de Voltaire? “Devemos cultivar nosso jardim.” — Ou seja, agir, melhorar o mundo concreto, e não esperar consolos metafísicos.
Voltaire acreditava em reformas progressivas e defendia a monarquia esclarecida, onde o rei deveria governar guiado pela razão e pela justiça, inspirado por conselheiros ilustrados.
Não era um revolucionário como Rousseau, mas um reformador sagaz, que conhecia os limites de seu tempo — e os atacava pelas brechas mais eficazes: a educação, o riso e a ironia.
Inspirou os revolucionários franceses e americanos com seu pensamento sobre liberdade, razão e justiça.
Influenciou os movimentos laicos e liberais na Europa.
Foi um dos pilares do projeto da Enciclopédia, junto com Diderot e d’Alembert.
Antecipou muitas ideias do humanismo secular moderno.
“Preconceito é opinião sem julgamento.”
“Fanatismo é o câncer da fé.”
“A dúvida não é uma condição agradável, mas a certeza é absurda.”
“Se Deus não existisse, seria preciso inventá-lo.”
Voltaire representa o grito da lucidez contra a escuridão da ignorância e da tirania. Ele não buscava verdades eternas como Platão, nem fundamentos do conhecimento como Descartes, mas sim espaços de liberdade onde o pensamento pudesse florescer sem medo da fogueira ou da prisão.
Ele é a chama que arde na razão crítica, no riso inteligente e no direito de dizer o que se pensa.