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John Locke foi um filósofo inglês, médico e pensador político, conhecido como o pai do liberalismo clássico e um dos principais nomes do empirismo britânico. Sua filosofia representou uma ruptura com o racionalismo cartesiano e uma base sólida para a epistemologia moderna, a filosofia da mente e a teoria política ocidental.
Locke viveu num período de intensas transformações na Inglaterra — revoluções políticas, tensões religiosas e o florescimento da ciência moderna — e respondeu a esses eventos com uma filosofia voltada para a liberdade, a razão e a experiência.
Ensaio sobre o Entendimento Humano (Essay Concerning Human Understanding, 1690)
Obra seminal da epistemologia moderna, onde defende o empirismo e desenvolve sua teoria do conhecimento.
Segundo Tratado sobre o Governo Civil (Two Treatises of Government, 1689)
Fundamenta as ideias modernas de liberdade, propriedade e governo representativo.
Cartas sobre a Tolerância (Letters Concerning Toleration, 1689–92)
Defesa da liberdade religiosa e da separação entre Igreja e Estado.
Alguns Pensamentos sobre a Educação (Some Thoughts Concerning Education, 1693)
Reflexões pioneiras sobre a formação moral e intelectual dos indivíduos.
Locke acreditava que não existem ideias inatas — todas as ideias vêm da experiência. Segundo ele, ao nascer, a mente humana é como uma “tábula rasa”, uma folha em branco que vai sendo preenchida:
Pela experiência sensorial externa (cores, formas, sons, etc.).
Pela reflexão interna (sentimentos, pensamentos, memória).
Essa é a base do empirismo, a corrente filosófica que afirma que o conhecimento deriva da experiência.
“Nada está no intelecto que não tenha passado antes pelos sentidos.”
Locke distingue dois tipos de ideias:
Ideias simples: vindas diretamente da experiência (como cor, sabor, som).
Ideias complexas: formadas pela combinação das simples (como uma maçã ou um Estado).
Também diferencia:
Qualidades primárias: estão nos objetos (forma, movimento).
Qualidades secundárias: existem apenas na mente (cor, som, sabor).
Para ele, o conhecimento humano é sempre limitado, e por isso a humildade filosófica é necessária.
Locke é um dos fundadores da filosofia política liberal. Sua teoria do contrato social rompe com o absolutismo e inspira as democracias modernas.
Antes do Estado, os homens viviam em liberdade e igualdade. No entanto, havia insegurança quanto aos direitos.
Para proteger a vida, a liberdade e a propriedade privada, os indivíduos formam um governo por consentimento mútuo.
“Onde não há lei, não há liberdade.”
Se o governo trai esse pacto — se se torna tirânico — o povo tem direito à revolução. Essa foi uma ideia revolucionária que influenciou diretamente:
A Revolução Gloriosa na Inglaterra.
A Revolução Americana.
A Revolução Francesa.
Locke foi um defensor radical da tolerância religiosa. Em suas Cartas sobre a Tolerância, defende que nenhuma igreja ou Estado pode forçar crenças. Para ele, a fé só tem valor se for livremente escolhida.
No entanto, há exceções notórias em sua teoria:
Locke exclui ateus (por não acreditarem em sanções divinas).
E católicos (por lealdade ao Papa em detrimento ao rei).
Essas restrições refletem os conflitos religiosos da época.
Iniciador do empirismo britânico, abrindo caminho para Berkeley e Hume.
Influenciou Kant ao despertar a crítica ao conhecimento humano.
Inspirador direto do liberalismo e da democracia moderna.
Fundamento da teoria dos direitos naturais.
Base filosófica das constituições democráticas, como a dos EUA.
Antecipou ideias modernas sobre a formação do indivíduo pela experiência, e não pela punição ou imposição.
John Locke representa a confiança na razão prática e na experiência como ferramentas de emancipação. Em um mundo onde a liberdade está constantemente sob ameaça, Locke nos lembra que os direitos não vêm de reis ou deuses, mas do próprio ser humano enquanto ser racional e social.
“Os homens são, por natureza, livres, iguais e independentes.”