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Francis Bacon foi um filósofo, estadista, jurista e cientista inglês, considerado o pai do empirismo moderno. Nascido em uma família aristocrática e envolvida com a política da corte inglesa, Bacon teve uma vida marcada tanto por grandes cargos públicos quanto por ambições intelectuais gigantescas. Ele sonhava com uma reforma completa do conhecimento humano.
Para Bacon, a filosofia deveria sair das especulações estéreis e se voltar para aquilo que é útil: a melhoria da vida humana por meio da ciência e da técnica.
Novum Organum (1620)
A obra-chave em que propõe um novo método científico baseado na indução empírica, contrapondo-se ao Organon de Aristóteles.
Instauratio Magna (1620)
Projeto de uma “Grande Instauração” do saber humano, do qual o Novum Organum é a parte central.
The Advancement of Learning (1605)
Defesa da importância do conhecimento científico para o progresso da humanidade.
Nova Atlântida (1627, póstuma)
Ficção utópica que descreve uma sociedade ideal baseada na ciência e no conhecimento.
Bacon acreditava que a filosofia escolástica estava presa a abstrações inúteis e debates estéreis. Para ele, o conhecimento verdadeiro deveria vir da observação e da experiência, e não da tradição ou da autoridade.
“A verdade não é filha da autoridade, mas do tempo.”
A grande contribuição de Bacon foi o desenvolvimento de um método científico baseado na indução, que consiste em:
Observar os fenômenos da natureza.
Coletar dados empíricos com rigor.
Identificar padrões recorrentes.
Formular leis gerais a partir desses padrões.
É o oposto do método dedutivo dos escolásticos, que partiam de premissas abstratas. Bacon defendia que devemos ir da experiência à teoria, e não o contrário.
Bacon alertava que o caminho para o conhecimento é bloqueado por falsos conceitos e ilusões, que chamou de “ídolos”. Eles são obstáculos que precisamos identificar e superar:
Ídolos da Tribo
Erros comuns à natureza humana — tendências cognitivas e emocionais que distorcem a percepção.
Ídolos da Caverna
Erros pessoais derivados da formação, experiências e paixões individuais.
Ídolos do Mercado
Erros causados pelo uso impreciso da linguagem.
Ídolos do Teatro
Sistemas filosóficos dogmáticos e aceitação acrítica de tradições.
Bacon via esses ídolos como sombras que precisam ser dissipadas para que o saber possa florescer.
O conhecimento não é contemplação, mas instrumento de transformação. Para Bacon, a ciência deve servir à prática, à técnica, ao avanço das artes e à melhoria da vida.
“O objetivo da ciência é aumentar o império do homem sobre a natureza.”
Por isso, propôs que a ciência fosse organizada, financiada e sistematizada — antevendo as instituições científicas modernas.
Em sua obra Nova Atlântida, Bacon descreve a fictícia ilha de Bensalem, onde existe uma instituição chamada Casa de Salomão, dedicada ao estudo da natureza e ao bem-estar coletivo.
Essa utopia antecipa ideias como:
Instituições científicas.
Pesquisa colaborativa.
Aplicação da ciência em benefício social.
Considerado um precursor do método científico moderno.
Influenciou profundamente a Revolução Científica, inspirando Newton, Boyle, Hooke e outros.
Sua valorização da experiência como fonte do saber ajudou a formar o empirismo britânico, depois continuado por Locke, Berkeley e Hume.
Sua frase “conhecimento é poder” se tornou um lema do Iluminismo.
Sua obra tem um eco utópico e visionário, que inspira a ciência como força civilizadora.
Bacon nos ensina que a verdadeira sabedoria está no contato direto com a realidade. Ele nos convoca a romper com os mitos, ídolos e dogmas, e a reconstruir o saber com base em fatos e observação. Sua visão da ciência como ferramenta de emancipação humana permanece viva — e necessária — em tempos de crise de sentido e desinformação.
“Não devemos imaginar ou supor, devemos observar e descobrir.”