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Anselmo de Cantuária, também conhecido como Santo Anselmo, nasceu em Aosta (Itália) e morreu na Inglaterra como arcebispo de Cantuária. É considerado um dos maiores pensadores da Filosofia Cristã Medieval, precursor do método escolástico e célebre por sua ousada tentativa de provar a existência de Deus por meio da razão pura — o chamado argumento ontológico.
Anselmo não apenas defendeu a fé cristã, como propôs que a razão poderia elevá-la a novos patamares, sem jamais a substituir.
Contém o argumento ontológico para a existência de Deus, uma das propostas mais controversas e discutidas da história da filosofia.
Deus é definido como “aquele do qual nada maior pode ser concebido” (id quo nihil maius cogitari potest).
Se tal ser pode ser concebido, ele deve existir — pois, do contrário, não seria o maior concebível.
Obra anterior ao Proslogion, onde Anselmo busca provar a existência de Deus com base na observação da realidade, através de uma via mais cosmológica.
Considerada um tratado de teologia natural baseado apenas na razão.
Trata do mistério da Encarnação e oferece uma teoria da Expiação: Cristo veio ao mundo para pagar a dívida moral da humanidade a Deus, que nenhum ser humano poderia quitar.
Para Anselmo, fé e razão não se contradizem, mas se iluminam mutuamente.
Sua famosa fórmula — fides quaerens intellectum (fé que busca a inteligência) — expressa sua metodologia.
O conhecimento racional não substitui a fé, mas a fortalece e aprofunda.
Baseado na definição conceitual de Deus: um ser que não pode ser pensado como inexistente.
Se Deus é o ser mais perfeito concebível, e existir é mais perfeito do que não existir, então Deus deve existir.
Influenciou pensadores como Descartes, Leibniz e até Kant (que o criticou).
A salvação é entendida em termos jurídico-morais: a justiça divina exige compensação por ofensa.
O ser humano tem livre-arbítrio, mas a verdadeira liberdade está em agir conforme a justiça.
O pecado é a perda da retidão da vontade, e a redenção vem por Cristo restaurar essa justiça.
Anselmo é considerado o fundador da Escolástica, abrindo caminho para pensadores como Abelardo, Tomás de Aquino e Duns Scotus.
Seu pensamento marcou a teologia católica, sobretudo na articulação racional da fé.
O argumento ontológico se mantém vivo até hoje, discutido em filosofia analítica, teologia e até na ciência da computação (em debates sobre lógica modal).
Anselmo mostra que o pensamento humano pode, com humildade e firmeza, alcançar alturas surpreendentes. Não é um fideísta cego, tampouco um racionalista arrogante. Ele é a encarnação do filósofo teólogo que ousa perguntar, mas também silencia diante do mistério.
“Não busco compreender para crer, mas creio para compreender.”