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A Filosofia Medieval compreende o período que vai, aproximadamente, do século V ao século XV, desde a queda do Império Romano do Ocidente até o Renascimento. Trata-se de um longo e complexo momento da história em que a tradição filosófica greco-romana foi reinterpretada à luz das religiões abraâmicas — o Cristianismo, o Judaísmo e o Islamismo.
O foco central da filosofia neste período era responder a perguntas fundamentais como:
Qual a relação entre fé e razão?
Como provar a existência de Deus?
A alma é imortal?
O que é o bem?
Como a filosofia pode servir à teologia?
Teocentrismo: Deus é o centro de toda reflexão.
Autoridade dos textos sagrados: a filosofia submete-se (ou dialoga com) a Bíblia, o Corão e a Torá.
Reinterpretação de Platão e Aristóteles: especialmente através de pensadores como Agostinho e Tomás de Aquino.
Uso da lógica aristotélica como ferramenta de argumentação teológica.
Filosofia como “ancilla theologiae” (serva da teologia), embora em certos momentos se emancipe.
Preservação e fusão do pensamento greco-romano com o cristianismo.
Fortes influências neoplatônicas e agostinianas.
Início da escolástica.
Tradução das obras de Aristóteles do árabe e do grego para o latim.
Consolidação da escolástica como método filosófico.
Auge das universidades medievais.
Maior autonomia do pensamento racional.
Método filosófico-teológico que dominou a Baixa Idade Média, caracterizado por:
Uso intenso da lógica formal.
Disputas e questões (quaestiones disputatae).
Tentativa de conciliação entre razão e fé.
Principais autores:
Tomás de Aquino
Duns Scotus
Guilherme de Ockham
Filosofia inspirada em Platão e Santo Agostinho. Valoriza a introspecção, a iluminação divina e a graça.
Releitura de Aristóteles através de autores árabes, judeus e cristãos. Influenciou profundamente a escolástica.
Santo Agostinho (354–430): Cidade de Deus, livre-arbítrio, tempo e memória.
Boécio (480–524): Consolação da Filosofia.
Anselmo de Cantuária (1033–1109): Prova ontológica da existência de Deus.
Tomás de Aquino (1225–1274): Suma Teológica, síntese de Aristóteles com o cristianismo.
Duns Scotus (1266–1308): Vontade como essência divina.
Guilherme de Ockham (1287–1347): Nominalismo e parcimônia (Navalha de Ockham).
Al-Kindi (801–873): Primeiro filósofo árabe.
Al-Farabi (872–950): Filosofia política e lógica.
Avicena (Ibn Sina) (980–1037): Metafísica e alma.
Averróis (Ibn Rushd) (1126–1198): Comentários de Aristóteles, razão versus revelação.
Saadia Gaon (882–942): Harmonia entre razão e fé judaica.
Solomon ibn Gabirol (1021–1058): Neoplatonismo hebraico.
Maimônides (Moses ben Maimon) (1135–1204): Guia dos Perplexos, racionalismo judaico.
A existência de Deus: provas ontológica, cosmológica e teleológica.
O problema do mal: como conciliar o mal com a existência de um Deus bom?
Fé e razão: elas se contradizem ou se complementam?
Universais: realismo x nominalismo.
A alma humana: origem, imortalidade, relação com o corpo.
Ética cristã: virtudes, pecado, salvação.
Política e Teologia: o poder temporal versus o espiritual.
Embora frequentemente ignorada ou subestimada, a Filosofia Medieval:
Preservou e reinterpretou os clássicos da antiguidade.
Criou os fundamentos do pensamento universitário.
Formou as bases da filosofia moderna.
Desenvolveu os conceitos centrais da metafísica, ética e lógica.
Sem ela, Descartes, Kant ou Hegel seriam impensáveis.
Explore em nosso site as páginas dedicadas aos principais filósofos medievais. Comece com Santo Agostinho, mergulhe na grandiosidade de Tomás de Aquino, ou descubra a genialidade de pensadores árabes e judeus que moldaram o diálogo entre mundos e saberes.
“Entende para crer, crê para entender.”
— Santo Agostinho