Portal do Aluno
Mary Wollstonecraft foi uma escritora, filósofa e educadora britânica, considerada uma das precursoras do feminismo moderno. Nascida em 1759 em Londres, viveu em um contexto profundamente patriarcal e desigual, no qual a mulher era vista como inferior e submissa por natureza — ideia que ela combateu com veemência.
Sua obra mais conhecida, “Reivindicação dos Direitos da Mulher” (A Vindication of the Rights of Woman, 1792), é um marco na história da filosofia e da luta pelos direitos femininos. Wollstonecraft propôs uma educação racional e igualitária para as mulheres, desafiando a ideia de que elas eram naturalmente menos racionais ou capazes do que os homens.
“Reivindicação dos Direitos da Mulher” (1792)
Sua obra mais emblemática, onde argumenta que a subordinação feminina não é natural, mas fruto da ignorância e da exclusão educacional. Defende que mulheres devem ser educadas como cidadãs autônomas, com acesso à razão, moralidade e virtude.
“Reflexões sobre a Revolução na França” (1790)
Primeiro trabalho político importante, em que defende os princípios da Revolução Francesa contra os conservadores ingleses, como Edmund Burke.
“Reivindicação dos Direitos do Homem” (1791)
Defesa das liberdades políticas e sociais em resposta aos ataques conservadores à Revolução Francesa, antecipando muitos dos temas que desenvolveria na obra seguinte.
Para Wollstonecraft, a razão é o fundamento da moralidade, e como as mulheres também são seres racionais, devem ter acesso à educação, independência e participação na vida pública. Ela rejeita o ideal feminino da época — submissa, frágil e ornamental — como um produto da cultura e não da natureza.
Criticou a hipocrisia dos homens progressistas (inclusive filósofos como Rousseau), que defendiam liberdade e igualdade apenas para os homens. Para ela, não há liberdade autêntica sem a emancipação feminina.
Defendeu a educação como instrumento de emancipação. As mulheres, educadas apenas para agradar os homens, eram mantidas em um estado de “infantilidade perpétua”. A verdadeira liberdade viria com o conhecimento, a autonomia moral e a capacidade crítica.
“Educar as mulheres, e elas educarão a nação.”
Mary Wollstonecraft teve uma vida marcada por desafios, escândalos e coragem. Teve relações amorosas não convencionais, enfrentou preconceitos e viveu de seu trabalho intelectual — algo incomum para uma mulher de sua época. Morreu aos 38 anos, poucos dias após dar à luz sua segunda filha, Mary Shelley, futura autora de Frankenstein.
Apesar de inicialmente esquecida ou difamada por sua vida pessoal, Wollstonecraft foi redescoberta no século XX como fundadora do pensamento feminista, e hoje é celebrada como uma das grandes pensadoras da liberdade e da dignidade humana.
A influência de Mary Wollstonecraft percorre os séculos e ecoa em pensadoras como Simone de Beauvoir, Judith Butler, Angela Davis e Martha Nussbaum. Sua voz continua viva em todas as lutas por:
Igualdade de gênero;
Direitos civis e políticos para as mulheres;
Educação universal;
Crítica aos papéis sociais opressivos.
Mary Wollstonecraft nos lembra que liberdade sem igualdade é ilusão, e que o primeiro passo para a emancipação está na educação da razão e da consciência crítica. Sua vida e obra são convites a questionar as normas impostas, e a não aceitar como “natural” o que é, na verdade, construído para manter estruturas de poder.
“A mente não conhece sexo.”