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Nascido no País de Gales, em uma aristocrática família britânica, Bertrand Russell não foi apenas um filósofo — foi também matemático, lógico, ensaísta, educador, pacifista, ativista político e um crítico mordaz das superstições religiosas e ideológicas de sua época.
Ele é considerado um dos fundadores da filosofia analítica e revolucionou o pensamento ocidental com suas contribuições à lógica formal, à teoria do conhecimento, à ética e à crítica social.
Russell viveu quase um século, atravessando guerras mundiais, crises políticas e revoluções científicas — e nunca deixou de usar a razão como bússola em um mundo caótico.
Russell acreditava que a filosofia deveria seguir o modelo da ciência e da matemática. Ele buscava clareza, precisão e rigor lógico — o que o levou a desenvolver, com Alfred North Whitehead, a monumental obra Principia Mathematica (1910–1913), onde tentam deduzir toda a matemática a partir de princípios lógicos.
“A lógica é o núcleo da filosofia.”
Russell propôs uma solução elegante para problemas envolvendo linguagem e referência, como na famosa frase “O atual rei da França é calvo”. Mesmo que esse rei não exista, a frase pode ser analisada logicamente sem cair em contradições. Essa teoria das descrições foi um marco na filosofia da linguagem.
Russell era um cético metodológico. Defendia que nossas crenças devem ser constantemente testadas e jamais aceitas sem exame crítico, mesmo (ou especialmente) quando envolvem moral, religião ou política.
Embora racionalista, Russell era profundamente ético. Lutou contra a Primeira Guerra Mundial, criticou regimes totalitários de direita e de esquerda, e defendeu com veemência a liberdade individual e os direitos humanos.
“Sem liberdade de pensamento, a liberdade de expressão não tem valor.”
Principia Mathematica (com Whitehead, 1910–13)
— Tentativa de fundamentar a matemática na lógica formal.
Problems of Philosophy (1912)
— Introdução clássica à epistemologia e à dúvida filosófica.
Our Knowledge of the External World (1914)
— Exploração da relação entre linguagem, lógica e realidade.
Why I Am Not a Christian (1927)
— Crítica devastadora à religião organizada e à moral dogmática.
A History of Western Philosophy (1945)
— Uma das obras mais acessíveis e influentes sobre a história da filosofia, ainda lida em todo o mundo.
Power: A New Social Analysis (1938)
— Uma reflexão sobre o poder político, social e psicológico.
Marriage and Morals (1929)
— Defesa radical da liberdade sexual e do pensamento progressista em temas sociais.
Russell era um crítico impiedoso da religião tradicional, especialmente do cristianismo institucional. Ele não atacava a espiritualidade em si, mas a moral dogmática, a opressão e o anti-intelectualismo das religiões organizadas.
“A religião é baseada, penso eu, principalmente no medo.”
Para ele, uma vida ética poderia — e deveria — ser construída sem recorrer a recompensas ou punições sobrenaturais.
Russell foi preso por protestar contra a Primeira Guerra Mundial e, décadas depois, também contra a proliferação de armas nucleares. Em 1961, com quase 90 anos, foi novamente preso durante uma manifestação antinuclear.
Fundou o Tribunal Russell, uma iniciativa para julgar crimes de guerra — e não hesitou em criticar tanto o capitalismo imperialista quanto o stalinismo autoritário.
Fundador da filosofia analítica moderna.
Influenciou profundamente filósofos como Ludwig Wittgenstein, Karl Popper, A.J. Ayer e Richard Rorty.
Inspirou gerações de céticos, racionalistas, cientistas e ativistas.
Recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1950 por sua “defesa da liberdade de pensamento”.
“A causa principal do problema é que no mundo moderno os estúpidos estão seguros de si enquanto os inteligentes estão cheios de dúvidas.”
“Não morro por minhas crenças, pois posso estar errado.”
“É indesejável acreditar em uma proposição quando não há razão para supô-la verdadeira.”
Bertrand Russell nos ensina que pensar claramente é um ato revolucionário, que a dúvida é a companheira fiel da sabedoria, e que o maior inimigo do progresso é a arrogância dogmática.
Em um tempo em que a razão parece em perigo, revisitar Russell é rearmar-se intelectualmente.