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Nascido em Paris, Jean-Paul Sartre foi filósofo, romancista, dramaturgo, crítico literário e ativista político. Tornou-se o principal representante do existencialismo no século XX e um dos intelectuais mais influentes de sua época. Ele viveu e pensou à flor da pele, envolvido em grandes eventos do seu tempo, como a Segunda Guerra Mundial, a descolonização da Argélia, os protestos de 1968, e as tensões ideológicas da Guerra Fria.
Sartre recusou o Prêmio Nobel de Literatura em 1964, afirmando que o escritor deve manter sua independência frente a instituições.
Foi companheiro de Simone de Beauvoir, com quem manteve uma relação intelectual e afetiva profunda e incomum, sendo ambos pilares do pensamento existencialista francês.
O Ser e o Nada (1943)
O Existencialismo é um Humanismo (1946)
A Náusea (1938)
Entre Quatro Paredes (1944)
As Moscas (1943)
Crítica da Razão Dialética (1960)
Os Caminhos da Liberdade (trilogia de romances)
Para Sartre, não nascemos com uma essência predefinida — nenhum Deus, natureza ou destino define o que somos. Primeiro existimos, e depois nos definimos por nossas escolhas. Somos “condenados à liberdade”: não há desculpas, nem fuga da responsabilidade.
“O homem nada mais é do que aquilo que faz de si mesmo.”
Essa afirmação abala todas as ideias fixas sobre natureza humana, moral objetiva, papéis sociais fixos ou qualquer forma de determinismo.
Em seu romance A Náusea, Sartre descreve a experiência de perceber o sem sentido do mundo — a náusea que sentimos diante de um universo que simplesmente “é”, sem propósito, sem explicações externas.
Mas essa percepção não é desesperadora para Sartre. Ela é libertadora: se não há sentido dado, podemos (e devemos) criar o nosso próprio sentido.
A liberdade, para Sartre, não é leve — é pesada, angustiante. Somos responsáveis por tudo que escolhemos, e também pelo que permitimos que o mundo seja.
“Cada homem é autor de sua própria história, e, ao agir, escolhe o que a humanidade deve ser.”
Por isso, a inautenticidade é um dos grandes perigos: quando agimos como se não fôssemos livres, como se fôssemos apenas engrenagens ou vítimas, estamos fugindo da nossa condição humana.
A má-fé é o autoengano — fingir que não temos escolha, que somos definidos por nossas circunstâncias ou por papéis sociais. É a mentira que contamos a nós mesmos para fugir da responsabilidade da liberdade.
Exemplo: o garçom que se comporta como “o papel de um garçom” está agindo em má-fé, pois reduz sua existência a uma função social.
Sartre foi um pensador profundamente engajado. Criticou o capitalismo, flertou com o marxismo (sem se submeter aos dogmas do Partido Comunista), e defendeu a ação revolucionária como forma de responsabilidade histórica.
Para ele, a liberdade só é real se ela também se expressa no campo social e político — não basta a liberdade interior; é preciso transformar o mundo.
“O inferno são os outros.”
“A liberdade é o que você faz com o que fizeram com você.”
“Não importa o que fizeram de você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram de você.”
“A existência não é algo que se deixa definir: ela é absurda.”
“Não há realidade além da ação.”
Sartre, ao lado de Camus e Beauvoir, fez do existencialismo uma das correntes mais discutidas do século XX. Seu existencialismo é ateu, radical, político e engajado, sem qualquer apelo à transcendência.
Ele buscava construir sentido num mundo onde não há garantias externas. Por isso, para Sartre, a filosofia é também um ato de coragem.
Inspirou movimentos de resistência, liberdade individual e revolução social.
Influenciou a psicologia existencial, a literatura do absurdo, e o pensamento pós-moderno.
Sua obra é fundamental para compreender temas como identidade, responsabilidade, liberdade e opressão.
Sartre é o filósofo que aponta o dedo para você e diz:
“Você é livre. E a culpa é sua.”
Não há atalhos, nem desculpas. Mas também não há limites para o que podemos nos tornar, se tivermos coragem.
No Lábios da Sabedoria, Sartre representa o desafio final: viver sem muletas metafísicas, com os olhos bem abertos, e transformar o mundo à imagem dos nossos atos mais autênticos.