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Nascido em Gdansk (então Danzig, na Prússia), Schopenhauer foi um filósofo alemão de estilo literário marcante e visão existencial profundamente pessimista. Estudou em Göttingen e Berlim, mas rompeu com o idealismo dominante da época, especialmente com Hegel, a quem considerava obscuro e pretensioso.
Influenciado por Kant e por textos hindus e budistas, Schopenhauer foi um dos primeiros pensadores ocidentais a levar a sério as filosofias orientais. Embora tenha sido ignorado durante boa parte da sua vida, sua filosofia ganhou destaque no final do século XIX e influenciou profundamente autores como Nietzsche, Freud, Wagner, Tolstói, Kafka e Cioran.
O Mundo como Vontade e Representação (1818)
Sobre a Vontade na Natureza (1836)
Parerga e Paralipomena (1851)
A Arte de Ser Feliz (póstumo, compilação de aforismos)
Schopenhauer parte da filosofia transcendental de Kant: o mundo que conhecemos não é o mundo “em si”, mas uma representação formada por nossa mente. Tudo o que vemos, ouvimos e percebemos está moldado pelas estruturas cognitivas humanas — tempo, espaço e causalidade.
Mas Schopenhauer vai além de Kant ao perguntar: se tudo é representação, o que está por trás? E sua resposta é:
Para Schopenhauer, a essência do mundo não é racional, divina ou ordenada — é uma força cega, irracional e incessante, que ele chama de Vontade.
Essa vontade se manifesta em tudo: na gravidade, nas leis biológicas, na luta dos animais e, principalmente, no desejo humano.
A vontade quer viver, sobreviver, dominar, procriar. Mas nunca se satisfaz.
Por isso, a vida é sofrimento: desejamos, sofremos; conquistamos, nos entediamos; e desejamos novamente. Assim gira o ciclo cruel da existência.
A visão de mundo de Schopenhauer é radicalmente pessimista. Para ele, a existência é uma tragédia universal, onde a consciência apenas aprofunda o sofrimento.
Esse pessimismo, longe de ser uma lamentação vaga, é apresentado como um diagnóstico filosófico rigoroso da natureza da vida e da experiência humana.
Schopenhauer foi um dos primeiros filósofos ocidentais a valorizar profundamente o budismo, os Upanishads e outras tradições orientais.
Ele via, por exemplo, no nirvana budista e no conceito de maya (ilusão do mundo) confirmações de sua própria filosofia.
Sua proposta para escapar do sofrimento?
A contemplação estética (pela arte e música)
A compaixão (ética da negação do ego)
A renúncia dos desejos (ascetismo)
A arte — especialmente a música — tem um papel especial. Para Schopenhauer, ela suspende temporariamente a tirania da Vontade, permitindo que vejamos o mundo de forma desinteressada, como uma pura representação.
A música, por sua vez, é a mais pura das artes, pois não representa coisas, mas a própria Vontade, em forma sonora.
“A vida oscila, como um pêndulo, entre a dor e o tédio.”
“O homem é o animal metafísico.”
“O maior dos males é o nascimento.”
“A compaixão é a base da moralidade.”
“A música é uma cópia direta da Vontade.”
Durante muito tempo ignorado pela academia, Schopenhauer ganhou força especialmente no final do século XIX e XX. Sua clareza estilística, profundidade psicológica e abordagem existencial tocaram intelectuais, artistas e cientistas.
Nietzsche (que inicialmente o considerava um mestre)
Freud, com a noção de pulsões inconscientes
Wagner, na estética musical
Cioran, no niilismo literário
E ainda é lido com interesse por filósofos da mente, estudiosos de budismo, psicanalistas, romancistas e até compositores.
Estudar Schopenhauer é mergulhar na profundidade da condição humana, encarar o sofrimento não como acidente, mas como estrutura. Ele nos chama não à ilusão, mas à lucidez.
No Lábios da Sabedoria, Schopenhauer representa a coragem de olhar para a dor sem véus, mas também a delicadeza de encontrar na arte e na ética um refúgio para a alma cansada.