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Platão nasceu em 427 a.C. em Atenas, em uma família aristocrática. Seu nome verdadeiro era Aristócles, mas recebeu o apelido “Platão” (provavelmente em referência a seus ombros largos — “platos” em grego).
Ele foi discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles, formando uma das linhas de transmissão mais poderosas da história do pensamento.
Após a morte de Sócrates, Platão viajou por vários lugares, incluindo Itália, Egito e Sicília, em busca de conhecimento. Retornou a Atenas para fundar a Academia, considerada a primeira universidade do mundo ocidental.
Platão escreveu diálogos filosóficos (não tratados secos), nos quais as ideias surgem de discussões vivas entre personagens — geralmente tendo Sócrates como protagonista.
Platão acreditava que o mundo sensível (aquele que percebemos pelos sentidos) é imperfeito e mutável. A verdadeira realidade está em outro plano: o mundo das Ideias (ou Formas).
As coisas materiais são cópias imperfeitas de Ideias eternas e perfeitas.
Exemplo: Todos os cavalos que vemos são imperfeitos, mas a “ideia de Cavalo” é perfeita e imutável.
O conhecimento verdadeiro não vem dos sentidos, mas da razão e da intuição intelectual.
Essa teoria é o coração de sua filosofia — e moldou séculos de pensamento metafísico e religioso.
Platão via a realidade dividida entre:
Mundo sensível: transitório, enganoso.
Mundo inteligível: eterno, verdadeiro.
A alma humana, para Platão, pertencia originalmente ao mundo inteligível e está aprisionada no corpo.
O conhecimento não é adquirido, mas relembrado.
A alma, antes de nascer, já conhecia as Ideias, e aprender é simplesmente recordar.
No famoso diálogo “A República”, Platão descreve a cidade ideal, governada por filósofos-reis — sábios que conhecem o bem verdadeiro.
Ele defende:
A divisão da sociedade em três classes: governantes, guerreiros e produtores.
A educação como base da justiça.
A necessidade de superar a democracia ateniense (que, para ele, levou à morte injusta de Sócrates).
Algumas das principais obras de Platão incluem:
Apologia de Sócrates: defesa apaixonada do mestre.
República: sua visão de justiça, política e o mundo das Ideias.
O Banquete: sobre o amor como busca da beleza suprema.
Fedro: sobre a alma e a retórica.
Parmênides: um diálogo profundo sobre as dificuldades da teoria das Ideias.
Timeu: cosmologia e explicação do universo físico.
Leis: sua obra política mais madura, menos utópica que a República.
Platão escreveu mais de 30 diálogos, muitos dos quais continuam a ser lidos com fascínio e rigor nas universidades modernas.
Por volta de 387 a.C., Platão fundou a Academia em um bosque sagrado de Atenas, dedicado ao herói Academos.
A inscrição na entrada dizia:
“Que ninguém entre aqui sem saber geometria.”
Na Academia, Platão ensinava:
Filosofia
Matemática
Astronomia
Música
Ela continuaria influente por séculos, até ser fechada pelo imperador Justiniano em 529 d.C.
Um dos mais célebres ensinamentos de Platão é o Mito da Caverna, encontrado em A República.
Resumo:
Humanos vivem acorrentados em uma caverna, vendo apenas sombras projetadas na parede.
As sombras são o que consideram ser a realidade.
Um deles se liberta, vê o mundo real (fora da caverna) e percebe a verdade.
Quando volta para contar aos outros, é ridicularizado e ameaçado.
Este mito ilustra:
A ignorância humana.
A dificuldade do processo de iluminação filosófica.
A resistência da sociedade contra aqueles que tentam revelar a verdade.
Platão influenciou:
A tradição cristã (especialmente os primeiros teólogos como Santo Agostinho).
A metafísica, a epistemologia e a teoria política.
O neoplatonismo, que seria vital na filosofia medieval e renascentista.
Sua visão de um mundo superior e inteligível moldou tanto a filosofia quanto a espiritualidade do Ocidente.
Platão de Atenas nos legou a ideia radical de que há mais na realidade do que aquilo que os olhos podem ver.
Sua filosofia é um convite para:
Não nos contentarmos com as aparências.
Questionarmos o mundo material.
Buscarmos o eterno e o verdadeiro além das sombras.
Explorar Platão é começar a grande viagem interior que nos leva da caverna à luz.