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Aristóteles nasceu em 384 a.C., na cidade de Estagira, na Macedônia (daí seu nome).
Seu pai, Nicômaco, era médico da corte do rei macedônio, o que expôs Aristóteles desde cedo ao pensamento científico.
Aos 17 anos, Aristóteles foi para Atenas estudar na Academia de Platão, onde permaneceu por cerca de 20 anos. Apesar de ser o discípulo mais brilhante de Platão, discordou de seu mestre em pontos fundamentais, preferindo uma abordagem mais empírica da realidade.
Depois da morte de Platão, Aristóteles viajou, fundou sua própria escola — o Liceu — e se tornou o tutor de Alexandre, o Grande.
Sua obra é um vasto oceano que abrange quase todos os campos do conhecimento humano de sua época.
Se Platão nos ensinou a buscar o mundo das Ideias, Aristóteles nos trouxe de volta à terra concreta, para analisar o mundo que está diante de nossos olhos.
Aristóteles rejeitou a teoria das Ideias de Platão.
Para ele:
As formas (ou essências) não existem separadas dos objetos.
A forma está dentro das coisas, moldando a matéria.
A realidade, portanto, é este mundo físico, compreensível pela observação, experimentação e raciocínio lógico.
Tudo que existe pode ser explicado por quatro causas:
Causa material: do que algo é feito (madeira, mármore, carne…).
Causa formal: a forma ou estrutura da coisa (o design, o projeto).
Causa eficiente: o agente que causa a mudança (o escultor, o construtor).
Causa final: o propósito ou fim para o qual algo existe (o objetivo).
Este esquema de causas dominou a filosofia e a ciência até a revolução moderna.
Aristóteles foi o pai da lógica formal.
Ele desenvolveu o silogismo, uma estrutura de raciocínio em que:
Premissa 1: Todos os homens são mortais.
Premissa 2: Sócrates é homem.
Conclusão: Sócrates é mortal.
Esse sistema influenciaria o método científico e toda a tradição filosófica posterior.
Em sua obra Ética a Nicômaco, Aristóteles define a vida boa como:
A busca do bem supremo, que é a eudaimonia (felicidade, florescimento).
A prática da virtude (aretê) como meio de atingir essa felicidade.
Para ele, a virtude está no meio-termo (a “justa medida”) entre dois extremos.
Exemplo:
Covardia ← Coragem → Imprudência
Em Política, Aristóteles argumenta que:
O ser humano é, por natureza, um animal político.
A cidade (polis) existe para promover o bem viver.
Ele classifica os regimes políticos em: monarquia, aristocracia, e democracia — cada qual podendo se corromper em tirania, oligarquia e demagogia, respectivamente.
Em sua obra Metafísica, Aristóteles busca estudar o ser em si mesmo:
Tudo que existe tem um ato (realidade) e uma potência (possibilidade).
Deus (o “Motor Imóvel”) é o ser que é puro ato, causa final de tudo, mas que não se move.
Aristóteles escreveu tratados sistemáticos (não diálogos como Platão). Algumas das suas obras mais importantes incluem:
Metafísica: estudo do ser e da realidade.
Ética a Nicômaco: reflexão sobre a vida boa.
Política: análise dos regimes e da vida comunitária.
Organon: conjunto de obras sobre lógica.
Física: estudo dos fenômenos naturais.
Sobre a Alma: análise da psicologia e biologia dos seres vivos.
Poética: teoria sobre a arte e o drama.
Estima-se que Aristóteles tenha escrito cerca de 200 obras, das quais cerca de 30 chegaram até nós.
Após retornar a Atenas, Aristóteles fundou o Liceu em 336 a.C.
Lá:
Ensinava caminhando — por isso seus discípulos eram chamados de peripatéticos (do grego “peripatêtikós”, “aquele que caminha”).
Desenvolveu uma abordagem empírica e enciclopédica: filosofia, biologia, ética, política, estética, física, lógica.
O Liceu continuou ativo mesmo após a morte de Aristóteles, influenciando gerações.
Aristóteles foi pioneiro em diversas ciências:
Biologia: classificou centenas de espécies de animais.
Física: propôs leis de movimento (embora imprecisas segundo a ciência moderna).
Astronomia: acreditava na teoria geocêntrica.
Psicologia: estudou as funções da alma e suas faculdades.
Embora muitas de suas ideias científicas tenham sido superadas, sua metodologia de observação e classificação lançou as bases da investigação científica.
Aristóteles de Estagira nos ensinou a olhar para o mundo com atenção rigorosa e mente analítica.
Enquanto Platão nos impulsiona para cima, para além, Aristóteles nos ancora aqui, no chão firme da experiência sensível.
Explorar Aristóteles é entrar em contato com a raiz da filosofia ocidental, da ciência, da lógica e da ética. Um pensador que continua a nos desafiar, não a abandonar o mundo, mas a compreendê-lo profundamente.