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A crise climática não é um problema futuro: é o presente que já colapsa ao nosso redor. A aceleração do aquecimento global, a destruição de biomas inteiros e o colapso da biodiversidade revelam que a humanidade está vivendo o maior desafio existencial desde seu surgimento. O século XXI não é apenas o tempo da tecnologia ou da globalização — é o tempo do esgotamento planetário.
Não se trata apenas de temperatura. Estamos diante de um processo civilizatório insustentável, cujas bases são a exploração predatória da natureza, o consumo desmedido e a lógica de lucro permanente, incompatíveis com os ciclos da vida no planeta.
Diversos cientistas consideram que estamos vivendo o Antropoceno, uma nova era geológica marcada pelo impacto humano nos ecossistemas terrestres. Mas muitos autores críticos, como Jason W. Moore, preferem o termo Capitaloceno — pois não é “a humanidade” de modo geral que gera destruição, mas sim um sistema econômico específico: o capitalismo industrial e financeiro.
Essa distinção é importante porque evita soluções ilusórias. Não basta “reciclar” ou trocar canudos de plástico. O que está em jogo é a própria estrutura de produção, distribuição e consumo global.
Aquecimento Global: Desde a Revolução Industrial, a temperatura média da Terra já aumentou mais de 1,2°C. A meta do Acordo de Paris (2015) é limitar o aumento a 1,5°C, mas as projeções atuais apontam para 2°C ou mais até o fim do século.
Degelo polar e elevação do nível do mar: O derretimento de geleiras na Groenlândia e na Antártida ameaça inundar cidades costeiras em todo o mundo.
Eventos extremos: Secas prolongadas, ondas de calor recordes, enchentes catastróficas e furacões devastadores tornaram-se cada vez mais comuns.
Perda de biodiversidade: Vivemos a sexta extinção em massa da história da Terra. Espécies desaparecem em ritmo acelerado, rompendo cadeias alimentares inteiras.
Colapso dos biomas: Amazônia, Cerrado, Pantanal e outros ecossistemas vitais sofrem com queimadas, grilagem de terras e expansão agropecuária predatória.
Grandes responsáveis pela catástrofe ambiental são:
Setor de combustíveis fósseis (petróleo, gás, carvão): continuam obtendo lucros astronômicos enquanto bloqueiam ações efetivas para reduzir emissões de CO₂.
Agronegócio e mineração: impulsionados por tratados comerciais internacionais, esses setores avançam sobre terras indígenas, reservas naturais e florestas inteiras.
Bancos e fundos financeiros: financiadores da destruição ambiental, lucrando com projetos extrativistas mesmo após as evidências científicas do colapso.
A narrativa do “desenvolvimento sustentável” muitas vezes serve como fachada para manter práticas destrutivas sob a aparência de responsabilidade ecológica.
A crise ambiental não afeta todos da mesma forma. As populações mais pobres, indígenas, negras e periféricas são as mais vulneráveis:
Povos originários e quilombolas são expulsos de seus territórios por mineradoras e latifúndios.
Favelas e periferias urbanas sofrem mais com enchentes, deslizamentos e falta de acesso a serviços básicos.
Grandes corporações, por outro lado, blindam seus lucros e protegem suas sedes em centros urbanos estruturados.
Esse cenário revela o conceito de injustiça ambiental: quem mais polui e destrói é quem menos sofre as consequências diretas.
Muito se fala em tecnologias salvadoras — geoengenharia, captura de carbono, economia verde. Mas, na prática, essas soluções frequentemente escondem a continuidade da exploração capitalista, agora rebatizada de “sustentável”.
Por outro lado, surgem propostas mais radicais e realistas:
Decrescimento econômico planejado, defendido por correntes críticas da economia.
Transição agroecológica, com fortalecimento da agricultura familiar e dos modos tradicionais de cultivo.
Demarcação e proteção integral dos territórios indígenas e tradicionais.
Mudanças no padrão de consumo, sobretudo nos países centrais, cuja pegada ecológica é insustentável.
A resposta não virá de governos ou grandes empresas, mas dos povos em luta:
Povos indígenas, que há séculos praticam modos de vida harmônicos com os ciclos naturais.
Movimentos sociais ambientais: Fridays for Future, Extinction Rebellion, MST, Via Campesina, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), entre outros.
Intelectuais e ativistas ambientais vêm denunciando os interesses do capital e propondo alternativas reais de reorganização da vida no planeta.
A ecologia deixou de ser uma pauta “ambientalista” e tornou-se o centro de qualquer projeto político sério de sobrevivência civilizatória.
A crise climática não é um destino inevitável, mas uma encruzilhada. Ainda há tempo para desacelerar o colapso e reconstruir relações mais equilibradas entre sociedade e natureza. Mas isso exige rupturas profundas com as lógicas de mercado, propriedade e exploração que dominam o mundo.
Não se trata apenas de “salvar a Terra”. O planeta seguirá existindo. A questão é se a humanidade terá lugar nesse futuro — e, principalmente, que humanidade será essa: uma civilização regenerativa ou uma civilização suicida.
O tempo para decidir é agora.