Lábios da Sabedoria

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“O céu estrelado acima de mim e a lei moral dentro de mim.”

Quem foi Kant?

Immanuel Kant nasceu e viveu toda a sua vida em Königsberg, na Prússia (atualmente Kaliningrado, Rússia). De vida austera e rotina inalterável, é o exemplo clássico do pensador que via a filosofia como missão ética e intelectual. Professor por décadas, publicou obras tardias, mas com impacto colossal.

Ele propôs uma “revolução copernicana” na filosofia: em vez de presumir que o conhecimento se ajusta aos objetos, ele argumentou que os objetos é que se ajustam à estrutura do nosso pensamento.

Principais Obras

  • Crítica da Razão Pura (1781) – sua obra central, que estabelece os fundamentos da epistemologia moderna.

  • Crítica da Razão Prática (1788) – desenvolve sua ética racionalista.

  • Crítica do Julgamento (1790) – trata da estética e da teleologia.

  • Fundamentação da Metafísica dos Costumes (1785) – introduz o conceito do imperativo categórico.

Pensamento Filosófico

 A Revolução Copernicana do Conhecimento

Antes de Kant, os filósofos (como Locke e Hume) discutiam se todo conhecimento vinha da experiência (empirismo) ou da razão (racionalismo). Kant propôs um meio-termo radical:

“Embora todo nosso conhecimento comece com a experiência, nem todo ele deriva da experiência.”

Ou seja, nós impomos ao mundo formas prévias de compreensão — como tempo, espaço, causalidade. Essas estruturas são a priori: não vêm da experiência, mas da mente humana.

Essa abordagem deu origem ao chamado idealismo transcendental.


 A Ética do Dever

Kant rejeita o utilitarismo e qualquer moral baseada em consequências. Para ele, o valor moral reside na intenção e na obediência à razão moral pura.

O centro de sua ética é o imperativo categórico, que exige:

“Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne uma lei universal.”

Ou seja, não minta, mesmo se for conveniente. A moral deve ser universal, racional, autônoma e incondicional.


 Liberdade e Autonomia

A verdadeira liberdade, para Kant, não é fazer o que se quer, mas agir segundo a razão, obedecendo a leis morais que damos a nós mesmos. Isso é autonomia.

“A liberdade é a autonomia da vontade sob leis morais.”


 Estética e Finalidade

Na Crítica do Julgamento, Kant analisa o juízo estético: o belo não é um conceito objetivo, mas uma experiência subjetiva com pretensão de universalidade.

Ele também discute a finalidade na natureza, abrindo caminho para reflexões sobre a biologia e a ideia de propósito no mundo natural.

Kant e a Política

Kant acreditava que a razão também deveria guiar a política. Defendeu:

  • O fim da guerra como ideal racional.

  • A constituição republicana como modelo político moral.

  • A união entre liberdade, igualdade jurídica e autonomia moral.

Em À Paz Perpétua (1795), antecipou ideias que depois inspirariam a ONU.

Frases Memoráveis

“O homem é aquilo que a educação faz dele.”

“A razão humana tem o destino singular de, em todos os seus conhecimentos, ser assediada por questões que não pode evitar e às quais não pode responder.”

“Iluminismo é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado.”

Legado

Immanuel Kant moldou praticamente toda a filosofia que veio depois dele. Inaugurou o idealismo alemão (influenciando Fichte, Schelling, Hegel), preparou o terreno para Nietzsche, Marx, Heidegger e os filósofos analíticos.

Sua influência alcança:

  • Filosofia da ciência (com seus conceitos de tempo, espaço e causalidade);

  • Direito e moral (com base no dever e na dignidade humana);

  • Educação e política (com foco em autonomia e esclarecimento).

Kant em Lábios da Sabedoria

Em nosso projeto, Kant representa a maturidade da razão — o momento em que o pensamento filosófico deixa de depender de dogmas, sejam religiosos ou sensoriais, para assumir plena responsabilidade por seus princípios.

Ele é o pensador da dignidade humana, da liberdade racional, da ética incondicional. Um guia fundamental para quem busca compreender a si mesmo e as estruturas invisíveis do mundo que habitamos.