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Nascido em La Haye en Touraine, na França, Descartes foi filósofo, matemático, físico e escritor. Teve uma formação jesuítica e viveu boa parte de sua vida fora da França, principalmente na Holanda, onde encontrou mais liberdade para desenvolver seu pensamento. Faleceu em Estocolmo, na Suécia, a convite da rainha Cristina.
Descartes não foi apenas um pensador isolado, mas um revolucionário intelectual: deu início à filosofia moderna rompendo com os métodos da escolástica e estabelecendo uma nova forma de pensar baseada na razão, na dúvida metódica e no sujeito pensante como centro.
Discurso do Método (1637)
Obra fundamental onde apresenta sua proposta de método racional. É onde aparece pela primeira vez o célebre “Cogito, ergo sum”.
Meditações Metafísicas (1641)
Aprofunda a fundamentação do conhecimento, da existência de Deus e da alma.
Princípios da Filosofia (1644)
Tentativa de sistematizar a nova filosofia, misturando metafísica, física e matemática.
Regras para a Direção do Espírito (incompleta)
Esboço de um método científico rigoroso baseado na clareza e distinção das ideias.
Descartes propõe duvidar de tudo que possa ser colocado em questão:
Nossos sentidos nos enganam.
O mundo externo pode ser uma ilusão.
Inclusive a matemática pode estar sendo manipulada por um “gênio maligno”.
O que resta? A única certeza inabalável:
“Penso, logo existo.”
A partir do “Cogito, ergo sum”, Descartes reconstrói o saber como um edifício sólido, com base em ideias claras e distintas, e com a razão como guia.
O sujeito pensante é o ponto de partida de todo conhecimento.
A alma é distinta do corpo: o pensamento não depende da matéria.
A mente (res cogitans) e o corpo (res extensa) são duas substâncias diferentes, inaugurando o dualismo cartesiano.
Descartes acreditava que a razão é a principal fonte do saber verdadeiro. Por isso:
Rejeita a autoridade e a tradição como fontes seguras.
Valoriza o método matemático: clareza, evidência, ordem.
Busca a dedução lógica, partindo de princípios seguros e avançando passo a passo.
Descartes também foi um gênio científico:
Criou a geometria analítica, unindo álgebra e geometria.
Acreditava que o universo físico podia ser compreendido por leis mecânicas.
O corpo humano era uma máquina complexa regida por leis físicas.
Apesar de sua dúvida inicial, Descartes prova a existência de Deus como garantia da verdade das ideias claras e distintas.
Deus não é enganador e garante a correspondência entre razão e realidade.
A alma é imortal e racional; é o que nos conecta ao divino.
Descartes rompe com:
A autoridade da Igreja como base do saber.
A tradição aristotélico-tomista.
A filosofia baseada em silogismos e verdades herdadas.
Ele inaugura uma nova era: a do sujeito autônomo, da investigação livre e do uso da razão como única lanterna no escuro do mundo.
Pai do Racionalismo moderno, ao lado de Spinoza e Leibniz.
Influenciou profundamente Kant e a filosofia crítica.
Abriu caminho para o ceticismo moderno e as discussões sobre a consciência e o eu.
Base da matemática moderna.
Precursor da física mecanicista.
Reposicionou o ser humano como centro pensante do universo.
Deu início à era da autonomia intelectual e do questionamento radical.
Descartes representa o nascimento do sujeito moderno. Em sua jornada, ele nos convida a questionar tudo o que nos foi ensinado — e a não descansar enquanto não encontrarmos a clareza da razão. Sua filosofia não é um fim, mas um começo: um chamado à vigilância crítica, à reconstrução consciente da realidade, e à coragem de pensar por si mesmo.
“Liberta-te das trevas da tradição e reconstrói o mundo com a luz da razão.”