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Al-Farabi, também conhecido como Abu Nasr al-Farabi, nasceu na cidade de Faryab (atualmente no Turcomenistão ou Afeganistão), em um contexto islâmico marcado pela tradução das obras gregas para o árabe. Viajou por Bagdá, Damasco e Alepo, tornando-se um dos maiores filósofos e cientistas de sua época.
Foi chamado de “O Segundo Mestre” — sendo o primeiro Aristóteles — por sua habilidade em sintetizar e comentar com profundidade o pensamento aristotélico e neoplatônico.
Inspirado na República de Platão.
Descreve o modelo ideal de sociedade governada por um filósofo-rei, cujo intelecto esteja unido ao Intelecto Ativo.
Explica os diversos níveis do intelecto humano e sua relação com o Intelecto Ativo.
Um dos tratados mais antigos e sistemáticos sobre teoria musical no mundo islâmico.
Conecta a música à ética, à matemática e à harmonia universal.
Al-Farabi desenvolve uma teoria do conhecimento baseada em graus de intelecto:
Intelecto potencial
Intelecto em ato
Intelecto adquirido
Intelecto ativo (separado e universal)
A realização máxima do ser humano é unir-se ao Intelecto Ativo, uma ideia herdada e reelaborada a partir de Aristóteles e Plotino.
Para Al-Farabi:
A felicidade suprema é a união com o Intelecto, e isso só é possível em uma sociedade virtuosa.
A cidade ideal é aquela guiada por um governante-filósofo, que compreende tanto a verdade metafísica quanto a Lei divina.
As demais formas de governo são corrompidas por ignorância ou desejo.
Essa visão une ética aristotélica, política platônica e teologia islâmica.
O universo é hierárquico, emanado de Deus através de uma série de inteligências, até alcançar o mundo sublunar.
Cada inteligência comanda uma esfera celestial.
O conhecimento verdadeiro é a harmonia entre o microcosmo (homem) e o macrocosmo (universo).
Al-Farabi considerava a religião como uma expressão simbólica da verdade filosófica. Para ele:
A religião ensina as massas por meio de imagens, metáforas e narrativas.
A filosofia revela essas verdades de modo racional.
Apesar disso, via as duas como complementares e não como opostas.
Al-Farabi viveu em uma época de intensas transformações culturais e políticas no mundo islâmico. Seu pensamento tentou estabelecer uma ponte entre:
A razão grega (Aristóteles, Platão, Plotino),
A fé islâmica, e
O ideal de sociedade justa e sábia.
Morreu em Damasco, deixando um legado que ecoaria tanto no mundo muçulmano quanto no cristianismo escolástico.
Inspirou Avicena, que desenvolveu a metafísica e psicologia a partir de suas ideias.
Foi estudado por Averróis, Maimônides e os filósofos escolásticos cristãos.
Suas obras políticas foram retomadas por pensadores modernos interessados no diálogo entre religião, ética e política.
Em tempos de confusão e fragmentação, Al-Farabi nos oferece uma visão elevada do ser humano e da sociedade. Sua filosofia aponta para uma vida iluminada pela razão, voltada ao bem comum e à comunhão com a verdade mais alta.
“A verdadeira felicidade é a ciência unida à virtude.”