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Zenão de Cítio nasceu por volta de 334 a.C. na cidade fenícia de Cítio, na ilha de Chipre, uma região influenciada tanto pela cultura grega quanto pelo mundo oriental.
Filho de um comerciante, Zenão teve contato com a filosofia durante uma viagem a Atenas, após sobreviver a um naufrágio.
Dizem que entrou numa livraria e, após ler sobre Sócrates, perguntou ao livreiro onde poderia encontrar homens como aquele. O livreiro apontou para Crates de Tebas, um cínico, e assim começou sua formação filosófica.
Zenão estudou com vários mestres, incluindo cínicos, megáricos e platônicos. Mas foi apenas após consolidar suas próprias ideias que fundou sua própria escola — que recebeu o nome de Estoicismo, por se reunir no “Pórtico Pintado” (Stoa Poikíle), em Atenas.
O estoicismo é uma filosofia profundamente racional, moral e prática, baseada em três pilares fundamentais:
A razão é a ferramenta mais confiável para alcançar a verdade. Para Zenão, viver de forma racional é viver de acordo com a natureza.
A lógica permite distinguir o verdadeiro do falso.
O conhecimento leva à virtude.
Zenão acreditava em um cosmos ordenado, racional e divino, permeado por um princípio ativo, o Logos — uma razão universal que governa tudo.
O universo é um organismo vivo e harmonioso.
O ser humano é uma parte consciente dessa totalidade.
A principal lição do estoicismo é:
“Viver conforme a natureza.”
Ou seja, agir com razão, aceitando serenamente o que está fora do nosso controle.
Autodomínio (enkráteia): controlar paixões, impulsos e desejos.
Apatheia: estado de tranquilidade interior, livre de perturbações.
Virtude (aretê): o único bem verdadeiro, superior à riqueza, fama ou prazer.
Liberdade interior: mesmo em cadeias, o homem virtuoso é livre.
Zenão era admirado em Atenas por sua vida austera, digna e coerente.
Diz-se que recusou prêmios e honrarias, preferindo viver com simplicidade e serenidade. Ele ensinava que o sábio:
Não teme a morte.
Não se deixa abalar pela dor ou pelo prazer.
É senhor de si mesmo.
Sua vida era, assim como a de Sócrates e de Diógenes, uma encarnação prática da filosofia.
A escola estoica floresceu por séculos, sendo continuada por grandes nomes como:
Cleantes (seu sucessor direto),
Crisipo de Solis (sistematizador da doutrina),
E mais tarde, na Roma imperial:
Sêneca,
Epicteto,
Marco Aurélio.
O estoicismo influenciou profundamente o cristianismo primitivo, o humanismo renascentista, o pensamento político moderno e até os movimentos contemporâneos de autoajuda racional e resiliência emocional.
“A natureza nos deu uma boca e dois ouvidos para que escutemos mais do que falamos.”
“A felicidade é uma vida vivida de acordo com a razão.”
Zenão de Cítio plantou as sementes de uma das filosofias mais poderosas já concebidas: uma visão de mundo onde a liberdade verdadeira não depende do mundo externo, mas da nossa capacidade de agir com sabedoria e aceitar com serenidade.
O estoicismo permanece, ainda hoje, como um guia contra os excessos, ansiedades e turbulências da existência.
Zenão nos lembra de que, diante do caos da vida, a única fortaleza que nunca pode ser invadida é aquela que construímos dentro de nós.