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Empédocles (c. 495 a.C. – 435 a.C.) nasceu na próspera cidade grega de Agrigento, na Sicília. Ele foi:
Filósofo, poeta, médico, político e místico.
Considerado um dos últimos pré-socráticos.
Um pensador que tentou conciliar razão e espiritualidade, ciência e religião, observação e mito.
É dele que nos vem uma das mais influentes doutrinas da Antiguidade: a teoria dos quatro elementos.
Empédocles propôs que tudo que existe no universo é composto por quatro raízes (rhizomata), conhecidas hoje como os:
🔥 Fogo
🌬️ Ar
🌊 Água
🌍 Terra
Esses elementos não nascem nem morrem — apenas se combinam e se separam, gerando todas as formas do mundo.
“Nada nasce do nada, nem algo existente pode ser destruído totalmente.”
Essa doutrina influenciaria:
A medicina (Hipócrates)
A alquimia medieval
As bases da física até o século XVII
Se os elementos são os “tijolos” da realidade, o que os move?
Empédocles responde com duas forças cósmicas eternas e opostas:
💞 Amor (Philia) → une, mistura, harmoniza.
💢 Ódio (Neikos) → separa, fragmenta, dissolve.
O cosmos vive em eterno ciclo entre esses dois polos:
Quando o Amor reina, os elementos se fundem numa esfera perfeita.
Quando o Ódio domina, tudo se separa em caos.
Essa visão é profundamente simbólica e espiritual, e será reinterpretada séculos depois por escolas como o Hermetismo, o Gnosticismo e o Neoplatonismo.
Empédocles rejeita tanto o monismo de Parmênides quanto o fluxo absoluto de Heráclito.
Sua visão do mundo é cíclica, multiforme e governada por princípios invisíveis.
Os elementos são eternos.
O Amor e o Ódio criam ciclos de união e dissolução.
Tudo que parece nascer ou morrer é apenas mistura ou separação.
“O que os mortais chamam de nascimento e morte são apenas mistura e dissolução dos elementos.”
Empédocles também era um místico profundamente influenciado pelo Orfismo e pelo Pitagorismo.
Ele acreditava em:
Transmigração das almas (metempsicose)
Purificação espiritual através do saber e da conduta ética
A alma como um ser caído, exilado do mundo divino
Ele próprio dizia ser um daimon caído, e que já havia habitado corpos de homens, mulheres, pássaros e até peixes.
“Fui menino e menina, planta, peixe e pássaro…”
Essa dimensão espiritual faz dele um precursor das tradições esotéricas gregas, e seu nome ecoará nos grimórios, alquimistas e iniciados da Idade Média e do Renascimento.
Empédocles também foi médico, com obras perdidas sobre anatomia, respiração e fisiologia.
Ele observou fenômenos naturais com interesse científico, propondo que:
O ar é uma substância invisível que nos cerca.
A respiração ocorre por poros.
O sangue é o veículo da alma.
Seus experimentos com tubos e líquidos são, para alguns estudiosos, os precursores da física dos fluidos.
Sua obra mais conhecida é o poema “Sobre a Natureza”, escrito em versos épicos, num estilo grandioso, cósmico e profético.
Também é atribuída a ele a obra “Purificações”, com teor mais religioso e ético.
“O sangue em torno do coração é o pensamento.”
“Com o que pensamos é com o sangue — pois nele reside o espírito.”
“As coisas que parecem nascer e morrer, não o fazem de verdade.”
Antecipou o pluralismo ontológico.
Foi influência direta para Platão, Aristóteles e os estoicos.
Serviu de ponte entre o naturalismo jônico e a metafísica espiritual do pitagorismo.
Os quatro elementos tornaram-se a base da Alquimia, da Astrologia, dos rituais mágicos e do Hermetismo.
A ideia de forças cósmicas dualistas (Amor e Ódio) ecoa no Gnosticismo, Magia Cerimonial e Cabala.
Empédocles de Agrigento é o alquimista dos filósofos.
Ele uniu ciência e espiritualidade, lógica e poesia, natureza e transcendência.
Sua filosofia é um cosmos vivo, feito de forças eternas que dançam entre a união e a separação.
Em tempos que fragmentam o saber, Empédocles nos lembra da unidade profunda entre tudo que existe.
E, sobretudo, que somos feitos da mesma substância dos astros, dos deuses e da terra.